4 de maio de 2013

Entrevista com Jowilton Amaral da Costa


Este mês há uma entrevista, mas esta pode ser para alguns como mais uma entrevista que o blog fez,mas para mim, não. Primeiro porque o autor entrevistado é sergipano e segundo ele é meu vizinho de município, e isso é bastante gratificante diante da imensa falta de incentivo à leitura no estado de Sergipe, espero que vocês curtam a entrevista como eu também curti/curto. O entrevistado desta vez é Jowilton Amaral da Costa, ele é dentista e como o próprio diz “quando o dentista não trabalha, o escritor dá o ar de sua graça e labuta.” Vamos conferir a entrevista?!


             
Como surgiu o seu interesse pela escrita?
    
Meu interesse em escrever surgiu depois que eu li um livro chamado “Feliz Ano Novo” de Rubem Fonseca, eu devia ter dezoito anos. Esse livro foi um dos primeiros que eu li na transição entre os livros juvenis, que li bastante, principalmente os da série Vagalume, e os livros mais adultos. Eu já tinha lido um livro antes, do próprio Rubem Fonseca, chamado “Vastas Emoções E Pensamentos Imperfeitos”, durante esta transição, entretanto, foi com “Feliz Ano Novo” que comecei realmente a pensar em escrever. Este livro foi censurado por muitos anos no Brasil. A linguagem usada pelo Rubem, tão comum e cotidiana, misturada com sua crítica social e sua fria violência realista, me arrebatou, fiquei de cara, como se diz na gíria. Além do mais o Rubem Fonseca possui uma erudição impressionante, que ele usa e abusa em seus contos e romances, isso também me chamou a atenção. Contudo, só fui começar a escrever quando já tinha quase trinta anos e mesmo assim durou pouco tempo, rabisquei alguns contos em folhas de papel almaço, que não dei continuidade. Fiquei sem escrever por muitos anos e retornei em 2010, dezembro de 2010, com trinta e sete anos, e de lá pra cá não parei mais. Penso que morar em Nossa Senhora de Lourdes-SE e ter meu consultório acoplado a casa que eu moro, sou Cirurgião-Dentista, contribuiu muito no ato de escrever, tem dias que não aparece ninguém para atender, e esses dias são os mais proveitosos para a escrita, quando o dentista não trabalha, o escritor dá o ar de sua graça e labuta. Tenho alguns contos publicados; “Com A Benção De Deus” na antologia de contos policiais “Os Matadores Mais Cruéis Que Conheci (OMMCQC)” e “O Diário De Um Soldado Colérico” no livro “Contos Medonhos”, ambos lançados pela Editora Multifoco Sul, e tem um terceiro conto que logo será publicado, também pela Editora Multifoco Sul, no livro “The King”, que será uma coletânea de contos, em dois volumes, em Homenagem ao mestre do terror Stephen King. O meu conto “O Amaldiçoado G. T. Sullivam” será publicado no volume I.  Outros dois contos meus foram publicados na Revista Literária Flores Do Mal, organizada pelo Círculo Literário Analítico Experimental (CLAE), na nona edição foi publicado o conto “Vocação” e na décima edição o conto “Molares”; os dois são contos de terror. Também tenho outros contos concorrendo em seletivas por várias editoras do Brasil, e posto contos nos sites Recanto das Letras e Autores, além de participar de vários grupos de escritores no facebook.

 E a sua inspiração para criar os seus contos?
     
Bem, falar de inspiração é difícil. Escrever não é mediúnico como podem pensar; requer disciplina, estudo e esforço. Acho que a inspiração vem de livros, filmes, sonhos, do cotidiano e, principalmente, da vida. A vida com todos os seus mistérios, e seus altos e baixos, talvez seja a maior fonte de inspiração para um escritor. Quando tenho na cabeça o final do conto, o restante vem mais fácil. Normalmente eu fico com uma ideia de um conto na cabeça durante alguns dias, sem colocar no papel, que no caso aqui é a tela do notebook. Fico com aquilo martelando, martelando, até que me sento em frente ao computador e escrevo. Algumas vezes termino no mesmo dia, outras vezes demoro mais tempo. A parte de revisão é a mais demorada. Uma revisão minuciosa é um ponto a mais para o escritor iniciante, e principalmente para quem posta textos na internet. Quando você se autodenomina escritor, o mínimo que os leitores esperam é que você trate bem o português. Um erro aqui outro ali, sempre vai ocorrer, o que não pode acontecer é o escritor ver que está errado e não corrigir. Um conto limpo, arredondado e sem erros graves, é agradável ao leitor. Falando especificamente do conto “O Diário De Um Soldado Colérico”, eu me inspirei em escrevê-lo depois de ler um conto chamado “Um Acontecimento Na Ponte Owl Creek” do estadunidense Ambrose Bierce. O conto narra um enforcamento de um sujeito durante a guerra civil norte-americana. Quando terminei de ler tive a ideia de escrever um conto de terror que teria como tema a Guerra Do Paraguai. Então, inventei um fato extraordinário e aterrorizante que se passa dentro de um acampamento do exército brasileiro durante esta guerra. Parece que o conto agradou.

Ao ler o seu conto, O Diário de um Soldado Colérico, percebi o seu imenso domínio na arte da escrita. Você já pensou, tendo como base esse conto, escrever uma estória?
      
Agradeço muito o elogio, mas, não possuo ainda um imenso domínio na arte da escrita, e é verdade, não é nenhuma falsa modéstia, quem me conhece sabe que não sou tão modesto assim (Hahahahaha). Lembre-se que minha formação é a Odontologia. Eu tenho muitas dúvidas quando escrevo um texto, e por isso tenho uma equipe de amigos revisores, amigos pessoais e virtuais, não vou citá-los, eles saberão que falo deles quando eles lerem a entrevista, que me ajudam muito nas correções e no ritmo dos contos. Eles leem meus escritos antes de serem publicados. E a esses camaradas eu aproveito para agradecer a força, o incentivo e a ajuda. Meus amigos, muito obrigado! E continuando a responder sua pergunta, eu não pretendo escrever nada baseado no conto “O Diário De Um Soldado Colérico”; ele ficará mesmo sendo só um conto, que eu gosto muito, mas só um conto.

Qual a sua opinião sobre o incentivo a leitura no estado de Sergipe?
      
Minha opinião é que o incentivo a leitura aqui em Sergipe é tão precária quanto o de todo o Brasil. O incentivo a leitura é praticamente inexistente no país todo. Eu tenho uma frase que é assim: “A leitura deveria ser como escovar os dentes. A criança tem que ser estimulada desde muito pequena. Ela vai reclamar, vai espernear, vai chorar, mas, com o tempo, se tornará um hábito. Um Hábito essencial para a saúde do intelecto”.  A leitura é essencial ao crescimento intelectual de qualquer pessoa, além de divertir, confortar e emocionar. Talvez se víssemos nos intervalos das novelas, propagandas de livros e não comerciais de grandes empresas de eletrodomésticos, por exemplo, já seria um grande passo. Blogs e sites, como o seu, são também de suma importância para o crescimento do número de leitores, principalmente os mais jovens, que poderão se tornar futuros escritores.  A internet também é um veículo poderoso para esse incentivo. Foi na internet que conheci muitos escritores iniciantes e também conheci o Afobório, hoje o considero um grande amigo, que foi o cara que me convidou para publicar meu primeiro conto.

 Há planos para o lançamento de seu próprio livro?

Sim, tenho planos para um livro só meu! Inclusive, já tenho selecionado alguns contos para o livro, que seguirá a linha do terror e do suspense, com muito sangue esguichando. Tenho também um plano de um romance policial, na verdade uma ficção científica que acontecerá nas ruas de Aracaju. Contudo, isto ainda vai demorar. Quero primeiro me firmar como escritor de contos. Ser reconhecido como um bom contista é a minha ideia principal por enquanto.

 Você possui algum autor ou autores que admira?

 Meus escritores favoritos são: Rubem Fonseca, Machado de Assis, Gabriel Garcia Marques, Charles Bukowski, Fiódor Dostoievski, Edgar Allan Poe, Stephen King (Não necessariamente nesta ordem), entre outros. Eu leio muito, o que cair na minha mão eu leio. Estou lendo agora o livro “O lobo Da Estepe” de Hermann Hesse, um escritor alemão, que provavelmente entrará para os meus favoritos.

 Qual a sua dica para àqueles que pretendem começar a escrever?

 Meu conselho é que leiam muito, muito mesmo, e escrevam bastante e revisem o dobro. E mostrem a cara, postem na internet, em sites de escritores, em grupos do facebook. Quem não se mostra dificilmente será notado.

Eu agradeço imensamente ter te conhecido e ainda por cima descobrir que você é meu vizinho de município, isso é ainda mais gratificante! Desejo-lhe muito sucesso na sua vida profissional.

Gostaria de agradecer a oportunidade que você, Natália, está dando na minha divulgação como escritor. Desta forma as pessoas irão conhecer um pouco mais sobre mim, e sobre essa minha nova empreitada. Vão descobrir que o sonho de ser escritor me acompanha há muito tempo, e não foi apenas um surto de um dentista meio amalucado (huahuahuahua). Também gostaria de dizer que fiquei muito impressionado quando soube da sua idade (15 anos) e que você é de Itabi-SE, minha vizinha. Achei extraordinário que uma menina dedique seu tempo em divulgar livros e resenhá-los, e com ajuda de Mikaelle, que foi minha cliente quando ela tinha seis ou sete anos, e que agora é sua colaboradora (Tô ficando velho mesmo, hahahahaha). Vocês estão de parabéns. Iniciativas como essas deviam ser seguidas por muitos outros. Você é um exemplo. Torço pelo sucesso de vocês e do blog, vida longa para ele. Mais uma vez obrigado e um grande abraço meninas.

5 comentários:

  1. Oi Nati! bem bacana a entrevista, parabéns pela iniciativa de divulgar o autor.

    Bom domingo.

    Bjos!!
    Cida
    Moonlight Books

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  2. Muito legal a entrevista, ainda não conhecia esse autor.

    Beijos
    Livros e Tsurus

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  3. Eu conheço o entrevistado do site Autores.com.br e comecei a ler seus textos e admirar sua forma de escrever.
    Tenho certeza que no momento que lançar um livro será um imenso sucesso!
    Parabéns pela entrevista e o blog.

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  4. Guardem esse nome, Jowilton vai dar muito o que falar ainda (mais ainda!). Seus contos são dos poucos que fazem realmente parar que estou fazendo para prestar atenção. São clássicos.

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